O Governo brasileiro começou este sábado a entregar novos lotes de medicamentos para aliviar a dor dos doentes com covid-19 ventilados, mas a quantidade é insuficiente para fazer face ao aumento de contágios.
A necessidade desse tipo de medicação aumentou à medida que o número de casos disparou e deixou o Brasil com um registo de quase 370.000 mortes e cerca de 13,8 milhões de infeções pelo novo coronavírus.
Segundo o Ministério da Saúde, trata-se do chamado “kit de intubação”, composto essencialmente por três tipos diferentes de sedativos, necessários para o processo de intubação traqueal de pacientes em estado grave.
Segundo o ministério da tutela, 2,3 milhões desses ‘kits’, doados por empresas privadas e importados da China, serão distribuídos por todo o país este fim de semana, mas esse número, segundo a Confederação Nacional de Municípios, é insuficiente para satisfazer as necessidades crescentes nas 5.570 cidades do país.
A organização informou que pelo menos 975 destas localidades têm os sedativos necessários, em média, para os próximos quatro dias, e instou a assegurar a distribuição de medicação no mais curto espaço de tempo possível.
Um dos estados onde a situação é crítica é São Paulo, o mais populoso do país, com 46 milhões de habitantes, que este fim de semana se prepara para receber 400.000 ‘kits’, um fornecimento que, segundo as autoridades locais, é suficiente apenas para “alguns dias”.
Tanto o Ministério da Saúde como as organizações que reúnem os governadores e presidentes de municípios do Brasil iniciaram negociações com outros países e com as Nações Unidas para tentar garantir tanto estes sedativos como oxigénio medicinal, que também começou a escassear em pelo menos 400 cidades, de acordo com dados oficiais.
Uma das doações confirmada chegará de Espanha, que enviará para o Brasil “várias toneladas” de ajuda médica, no âmbito das conversações entre o Governo brasileiro e a União Europeia (UE).
O Ministério dos Negócios Estrangeiros informou hoje que o país vai receber em maio, sem apontar uma data, quatro milhões de doses da vacina desenvolvida pelo laboratório AstraZeneca.
Segundo um comunicado da tutela, será um lote da iniciativa Covax Facility, promovida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), através da qual o Brasil reservou 42 milhões de doses da vacina contra a covid-19, mas recebeu até agora apenas um milhão de unidades.
De acordo com os últimos dados do Ministério da Saúde, 28,5 milhões de pessoas no Brasil foram vacinadas, mas só sete milhões receberam as duas doses necessárias para ficarem imunizadas.
Também de acordo com informação oficial, dos 210 milhões de brasileiros, 77,2 milhões estão entre os “grupos prioritários”, que incluem pessoas consideradas “em risco”.
O Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, admitiu ontem existirem problemas na obtenção de medicamentos e vacinas, mas, no caso dos antigénios, voltou a apostar na produção interna, que deverá começar em força no segundo semestre deste ano.
A produção local será dos laboratórios Butantan e FioCruz, que têm acordos para produzir no país a vacina AstraZeneca-Oxford e com o laboratório chinês Sinovac.
“Existem dificuldades de saúde a serem ultrapassadas. Temos muitos pacientes que necessitam de cuidados intensivos e intubação traqueal, mas estamos à procura dos fornecimentos necessários, apesar da escassez nos mercados nacionais e internacionais”, disse o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 3.000.955 mortos no mundo, resultantes de mais de 139,8 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.