É uma tempestade perfeita que está a afetar a indústria e as cadeias de abastecimento. AEP já escreveu ao governo. Custos do transporte quase triplicaram.
É uma peça muitas vezes esquecida no gigantesco motor do comércio internacional, mas que está a transformar-se na areia na engrenagem das trocas comerciais em todo o mundo: os contentores, ou melhor, a falta deles.
Há reservas de contentores que não estão a chegar à China para escoar produtos já prontos para satisfazer as encomendas noutros pontos do globo. “O fornecedor chinês tem a mercadoria pronta, mas não se consegue arranjar contentores para transporte”, sintetiza Raul Magalhães, presidente da Associação Portuguesa de Logística (APLOG). Mas também não há meios para enviar produtos de outros blocos económicos, tanto da Europa, como dos Estados Unidos.
“É uma tempestade perfeita”, refere este dirigente que é também responsável pela logística internacional do grupo SONAE. “Enquanto a Europa e uma parte dos EUA ou estavam em lockdown, ou quase, a China continuava a produzir, porque saiu muito rápido da primeira fase e, portanto, o comércio internacional começou a ser feito num só sentido: ou da China para a Europa ou da China para os EUA”, acrescenta.
Além de uma concentração de pedidos da China, que recuperou mais cedo a produção do que outros países vizinhos e do resto do Mundo, também não houve reposição de stocks de contentores. “Deixaram de se fabricar contentores, não houve um ajuste da oferta face ao desequilíbrio do mercado como um todo”, acrescenta Raul Magalhães. E em cima disto, há ainda o Ano Novo chinês em fevereiro, com “um pico de cargas”, em que a atividade económica fica praticamente um mês encerrada “com toda a gente a querer carregar encomendas” antecipadamente.
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