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Boko Haram reivindica sequestro de centenas de estudantes na Nigéria

Aminu Abubakar

O líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, reivindicou hoje o sequestro de centenas de estudantes de ensino médio no noroeste da Nigéria, longe do habitual feudo deste grupo jihadista, o que revela a sua expansão

“Sou Abubakar Shekau e os nossos irmãos estão por trás do sequestro em Katsina“, anunciou numa mensagem de voz o líder do grupo terrorista Boko Haram que também está por trás do sequestro em 2014 de mais de 200 meninas em Chibok, caso que provocou uma onda de indignação mundial.

Pelo menos 333 adolescentes permanecem desaparecidos desde o ataque na sexta-feira passada contra uma escola no estado de Katsina, noroeste da Nigéria, a mais de 100 quilómetros do território do Boko Haram. Habitualmente, o grupo atua nas proximidades do lago Chade.

Este número de 333 estudantes sequestrados foi dado pelo governador de Katsina e confirmado na segunda-feira por fontes militares, mas não parece definitivo, já que alguns deles podem ter escapado e estarem eventualmente perdidos.

No Twitter, o governador Aminu Bello Masari afirmou que há “negociações” com os sequestradores “para garantir a segurança” dos adolescentes e “permitir o regresso às suas casas”.

Mais de 100 homens armados, em motos, atacaram na sexta-feira à noite a escola rural na cidade de Kankara. Muitos estudantes conseguiram fugir e refugiaram-se numa floresta próxima, enquanto outros foram encontrados pelos terroristas, separados em vários grupos e levados, relataram habitantes ouvidos pela AFP.

Num primeiro momento, o sequestro foi atribuído a grupos armados, chamados de “criminosos”, que aterrorizam a população nesta região instável e onde os raptos para pedidos de resgate são frequentes.

“O anúncio da reivindicação pelo Boko Haram destruiu toda a esperança que tinha de voltar a ver o meu filho em breve”, disse à AFP um pai de família, que se identificou somente como Ahmed, e que se reuniu com outros pais perto da escola agora vazia.

Expansão jihadista

Muitos especialistas e observadores da região alertaram sobre uma possível aproximação entre esses “bandidos” e os grupos jihadistas que propagam a sua influência em toda região do Sahel, desde o centro do Mali até ao lago Chade, ao norte dos Camarões.

O presidente Muhammadu Buhari condenou o ataque e ordenou o reforço das medidas de segurança em todas as escolas.

Os centros de ensino foram fechados no estado de Katsina.

A Presidência afirmou, no sábado, que o Exército localizou “o refúgio dos bandidos” e que havia uma operação militar em curso.

A segurança é frágil no norte da Nigéria desde a eleição do presidente Muhammadu Buhari em 2015, apesar de sua declaração de que a luta contra o Boko Haram seria a prioridade do seu mandato presidencial.

Atrocidades

O grupo jihadista de Abubakar Shekau cometeu inúmeras atrocidades nas últimas semanas. Reivindicou o massacre de dezenas de trabalhadores agrícolas perto de Maiduguri, a capital do Estado de Borno. Também assumiu a autoria de um “bárbaro” ataque no fim de semana passado contra uma aldeia perto de Diffa, no vizinho Níger, onde pelo menos 28 pessoas morreram, a maioria queimadas vivas.

O chefe de Estado nigeriano, de 77 anos, anunciou que falaria na Assembleia Nacional sobre a insegurança no país, antes de recuar, ao negar ao Parlamento “poder constitucional para dar lições ao Presidente no seu papel de comandante-geral das Forças Armadas”, justificou o seu ministro da Justiça, Abubakar Malami. 

O conflito jihadista já causou 36.000 mortes, principalmente no nordeste do país, e cerca de dois milhões de deslocados. Expandiu-se para o Chade, Camarões e Níger, países vizinhos da bacia do lago Chade.

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