O magnata dos ‘media’ de Hong Kong Jimmy Lai, conhecido pelas posições pró-democracia, foi acusado ao abrigo da lei de segurança nacional do território, de acordo com órgãos de comunicação social locais.
Jimmy Lai, de 73 anos, proprietário do jornal Apple Daily, que tem liderado as críticas ao executivo de Hong Kong, alinhado com Pequim, foi acusado por suspeita de conluio com forças estrangeiras e por pôr em perigo a segurança nacional, informou a emissora local TVB.
Em comunicado, a polícia disse que acusou um homem de 73 anos ao abrigo da lei de segurança nacional, sem no entanto indicar nomes.
Lai já tinha sido detido por suspeitas de violar a lei de segurança nacional em agosto, mas foi libertado pouco depois sob fiança, sem ser formalmente acusado.
O empresário e dois executivos da Next Digital, a empresa que detém o jornal Apple Daily, foram mais tarde detidos novamente, acusados de fraude, por a sede do jornal estar alegadamente a ser utilizada para fins não previstos no contrato de arrendamento do edifício.
No início deste mês, foi-lhe negada fiança.
O magnata está também a ser alvo de um processo pelo papel assumido nos protestos de 2019, num caso separado, e enfrenta ainda acusações por ter participado numa vigília não autorizada que assinalou o aniversário do massacre de Tiananmen (04 de junho de 1989).
A antiga colónia britânica viveu em 2019 a sua pior crise política desde a transferência para Pequim em 1997, com protestos a levarem milhões de pessoas para a rua, exigindo reformas democráticas na antiga colónia britânica.
Em resposta, a China impôs em final de junho uma lei da segurança nacional ao território, punindo atividades subversivas, secessão, terrorismo e conluio com forças estrangeiras com penas que podem ir até à prisão perpétua.
O diploma foi denunciado pelos Estados Unidos, União Europeia e organizações não-governamentais de defesa dos direitos humanos, por considerarem que põe em causa a autonomia do território e ameaça as liberdades fundamentais, ao abrigo do princípio “um país, dois sistemas”.
Desde a entrada em vigor, em 30 de junho, têm sido realizadas numerosas rusgas policiais e detenções de ativistas, forçando muitos a exilar-se, para evitar represálias por atividades que podem constituir um crime ao abrigo da nova legislação.
Várias figuras da oposição não foram autorizadas a concorrer às eleições legislativas, adiadas por um ano com a justificação do risco acrescido associado ao novo coronavírus.
Em 02 de dezembro, três figuras importantes do movimento pró-democracia, incluindo Joshua Wong, foram condenadas a penas de prisão pelo seu envolvimento nos protestos de 2019.