A jornalista de Hong Kong Choy Yuk-ling foi detida nesta terça-feira (3), no âmbito do processo sobre um documentário investigativo que expõe a agressão a militantes pró-democracia por parte de indivíduos ligados ao governo – informou o grupo RTHK, para o qual a repórter trabalha.
Citando fontes policiais, o grupo audiovisual independente de Hong Kong (que conta com financiamento público) RTHK relatou que os policiais prenderam a jornalista Choy Yuk-ling e revistaram sua casa por ter feito uma solicitação sobre placas de carros.
Uma fonte policial confirmou à AFP a detenção de Choy, mas se negou a apresentar o motivo.
O RTHK vinculou sua detenção à investigação codirigida por Choy sobre a agressão na estação de metrô de Yuen Long.
Em julho de 2019, dezenas de homens armados com paus e barras metálicas atacaram um grupo de pessoas que voltavam de uma manifestação pró-democracia.
Para o documentário “Who Owns The Truth?” (“Quem é dono da verdade?”, em tradução livre), divulgado pouco antes do primeiro aniversário deste ataque, o RTHK reconstituiu os fatos com entrevistas, imagens gravadas por testemunhas e por câmeras de segurança e investigou as matrículas de vários veículos.
O documentário expôs novos elementos sobre os supostos agressores, como o nexo de alguns deles com influentes comitês rurais que apoiam Pequim. Além disso, afirma que a polícia não fez nada diante da presença cada vez maior de homens armados na área, nas horas que antecederam a agressão.
A polícia admitiu não ter reagido rápido, porque seus membros estavam ocupados administrando as multitudinárias manifestações que aconteceram nessa mesma noite em outros locais, e negou qualquer conivência com o ocorrido.
As forças da ordem disseram ainda que vários agressores foram detidos nessa noite, alguns deles com vínculos com organizações criminosas chamadas “tríadas”.
Recentemente, algumas vítimas da agressão também foram detidas, acusadas de provocar distúrbios.
A agressão de Yuen Long significou uma mudança radical no movimento de protesto que varreu Hong Kong, aumentando ainda mais a desconfiança em relação à polícia, por parte de uma parcela da população.