A preparação de biberões com leite artificial (como leite em pó) e a sua esterilização podem libertar 16,2 milhões de microplásticos por litro, estima um estudo divulgado ontem na revista da especialidade Nature Food.
O estudo, liderado por uma equipa do Trinity College de Dublin, universidade na Irlanda, indica que há uma forte relação entre o calor e a libertação de microplásticos, ressalvando que se devem seguir as recomendações da Organização Mundial de Saúde para minimizar a libertação destas partículas.
Os autores do trabalho analisaram cenários de exposição de bebés de até 1 ano aos microplásticos em 48 países, incluindo Portugal, e concluíram que biberões de polipropileno (um dos plásticos de uso comum) podem libertar até 16,2 milhões de microplásticos por litro.
A esterilização dos biberões e a água a alta temperatura aumentam significativamente a libertação de microplásticos, sobretudo quando a temperatura se eleva dos 25 para os 95 graus centígrados.
Consoante o país, a possível exposição a microplásticos oscila entre 14.600 e 4,5 milhões de partículas diárias por bebé. A exposição potencial dos bebés aos microplásticos foi calculada com base, nomeadamente, nos números de vendas de biberões e no volume de leite ingerido diariamente.
Os autores da investigação recomendam, para minimizar a exposição dos bebés aos microplásticos, cujos efeitos sobre a saúde são desconhecidos, que a água usada para esterilizar os biberões seja fervida em recipientes que não sejam de plástico, por exemplo de aço inoxidável.
Alem disso, aconselham que se evite aquecer novamente o leite (em recipientes de plástico), a usar o microondas e a agitar o leite no biberão.
Sem querer alarmar excessivamente os pais, um dos investigadores, John Boland, disse, citado pela agência noticiosa espanhola Efe, que “é possível mitigar o risco de ingestão de microplásticos se se alterarem as práticas de esterilização e preparação do leite artificial”.