O antigo primeiro-ministro permanece refugiado no edifício da ONU, em Bissau
Em entrevista à Deutsche Welle África, um dos advogados do antigo primeiro-ministro guineense fala em “aberração” a decisão do Ministério Público de aplicar medidas de coação a Aristides Gomes. Luís Vaz Martins garante ser mentira que o seu constituinte tenha tentado fugir do país. “Uma aberração num país onde o poder da força está acima do direito.”
Mas afinal, porque é que o Ministério Público guineense aplicou tais medidas de coação? Luís Vaz Martins refere as autoridades alegam que Aristides Gomes “não quer colaborar para provar a eventual transferência de um valor de cerca de 50 mil euros, que fez para os filhos na Europa”, o que considera ser uma mentira. “Uma transferência inclusive que ele próprio pediu autorização ao Banco Central para fazer”, explicou o advogado que lembrou ainda que o ex-primeiro-ministro já provou “que o dinheiro saiu da sua conta pessoal”.
Aristides Gomes permanece refugiado na sede da ONU, em Bissau, desde março. Com as medidas de coação aplicadas, o antigo primeiro-ministro e dirigente do PAIGC fica impedido de sair do país.
“É preciso referir que em nenhum momento o cidadão Aristides Gomes foi ouvido nos autos e nem comunicado que está a decorrer contra si um processo-crime, quanto mais que foi constituído suspeito de alguma coisa”, pode ler-se numa carta enviada ao Conselho Superior da Magistratura do Ministério Público pelo antigo chefe de Governo.
Aristides Gomes foi demitido pelo atual Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, em finais de fevereiro e diz que corre risco de vida, desde que lhe retiraram o corpo de segurança e viu a sua residência invadida por grupos de homens armados e fardados. Para o antigo governante, a “usurpação de competências” do Tribunal de Relação é inconstitucionalidade e indica “um interesse obscuro contra si por parte do Ministério Público guineense.