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Tababá, o problemático remédio tradicional que as guineenses acreditam ter poderes afrodisíacos

Tababá é um combinado de ervas, raízes e tabaco em pó que algumas mulheres guineenses acreditam ser um afrodisíaco e remédio, mas que os maridos e organizações sociais acreditam ser fonte de problemas de saúde e de relações conjugais.

Fatumata Djau Baldé, a presidente do comité que luta contra as práticas nefastas para a saúde da mulher e criança, explicou à Lusa que o Tababá não é mais que uma junção de umas ervas, raízes silvestres e tabaco em pó.

Tudo misturado e cozido numa panela ou frigideira, sai uma substância em pó que várias mulheres introduzem nos genitais, para curar infeções vaginais e pelo alegado poder afrodisíaco.

Se fosse só esta a intenção, Djau Baldé não veria qualquer problema, mas muitas mulheres acreditam que o remédio as ajuda a manterem-se “como virgens”.

“Elas dizem, porque acreditam nisso, que o seu corpo volta a fechar-se como se nunca tivessem tido relações sexuais com um homem”, afirmou incrédula a líder do comité, que congrega dezenas de organizações que lutam contra práticas e crenças nefastas à saúde da mulher e criança.

Remédio tradicional é feito de folha de tcharó (planta de mato) que se mistura com folha de tabaco

Fatumata Djau Baldé não tinha o Tababá na sua agenda de preocupações, onde se inclui, entre outros os casamentos precoces, forçados e combinados ou a persistente prática de excisão de meninas, mas dado os relatos que tem recebido decidiu traçar estratégias contra o fenómeno.

Fatumatá Djau Baldé alerta contra o aumento desta prática do fenómeno e pede às autoridades que desencadeiem campanhas para explicar as consequências nefastas para a saúde de quem o usa.

“Ouvi dizer que aqui em Bissau há uma rua, num bairro populoso, com um mercado de venda do Tababá”, observou Djau Baldé, exigindo a intervenção das autoridades.

A líder do comité contra as práticas nefastas na Guiné-Bissau quer enviar uma amostra do Tababá para ser analisada num laboratório em Portugal, mas salientou que o remédio já está no território português.

“Temos informações de que algumas pessoas estão a comercializar o Tababá entre a Guiné-Bissau e Portugal. É preocupante”, defendeu Fatumata Djau Baldé.

A par desta preocupação, Baldé relata “situações embaraçosas” que têm chegado ao comité em que maridos, cansados de falta de atenção das esposas em transe por causa do Tababá, recorrem às represálias que indiciam violência doméstica.

“Os maridos dizem que as esposas quando usam esse Tababá não conseguem ter relações sexuais, pois ficam como bêbadas ou cansadas. Passam horas a dormir. Deve ser do efeito da substância”, notou Fatumata Djau Baldé.

Como represálias, Djau Baldé disse saber que alguns maridos batem nas mulheres e que outros ainda tomam medidas drásticas.

“Em Buba, no sul, os homens decidiram pura e simplesmente passar a misturar, às escondidas, a malagueta no Tababá para que arda nos genitais”, explicou Baldé.

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