Eram pedreiros, estavam desempregados, um deles tem 63 anos. Responderam há semanas a um anúncio de jornal em Portugal que lhes prometia casa, comida e descontos no Luxemburgo. Dizem que se depararam com salários abaixo do mínimo, 60 horas de trabalho semanais, habitações sobrelotadas, até espancamentos.
Na última semana, vários homens apareceram no centro de Esch-sur-Alzette com as malas nas mãos e nenhum sítio para dormir. Trabalhavam todos na HP Construction, uma empresa de construção civil que desde o final do estado de emergência está a recrutar trabalhadores em Portugal. Cândido, Nelson, Luís e Rui são quatro deles. Preferiram passar noites em bancos de jardim e vãos de escada do que a trabalhar naquela firma. Apontam o dedo ao dono da companhia, o português Helder Pereira. “Tivemos de fugir. Éramos tratados como escravos.”
Cândido Martins foi o primeiro a vir para o Luxemburgo. Leu um anúncio no Correio da Manhã de 20 de junho e telefonou logo. Queriam homens para trabalhar nas obras no Luxemburgo, com entrada imediata. Ofereciam comida, teto e contrato de trabalho. “Tenho 63 anos, não é fácil para mim arranjar emprego e ainda menos em Portugal. Mas estou ativo, quero trabalhar e ajudar a minha família. Foi por isso que vim.”
Chegou no fim de junho, mas só à segunda tentativa. A fronteira de Portugal com Espanha esteve fechada até ao fim desse mês e não o deixaram passar à primeira sem contrato de trabalho. Enviaram-lhe os papéis – Cândido não domina bem o francês, mas parecia estar tudo certo.
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