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Venezuela: Policias e militares assassinaram 1.611 pessoas no primeiro semestre, segundo ONG

A Organização Não-Governamental (ONG) Programa Venezuelano de Ação Educativa em Direitos Humanos (Provea) acusou hoje polícias e militares da Venezuela de terem assassinado 1.611 pessoas nos primeiros seis meses de 2020, uma média de nove pessoas por dia.

“A maioria das vítimas eram jovens pobres, entre 18 e 30 anos (…) Na maioria dos assassinatos perpetrados pelas forças de segurança, presume-se que no âmbito de execuções extrajudiciais”, explica a ONG num comunicado.

Os dados hoje divulgados são o resultado de um trabalho conjunto realizado pelo Centro de Pesquisas dos Padres Jesuítas “Centro Gumilla” e Provea.

“As vítimas da violência institucional na Venezuela são consequência de uma política de Estado que combina o incentivo dado pelas altas autoridades para se cometerem abusos e a impunidade estrutural do sistema da justiça, controlado pelo projeto político oficial”, explica.

Segundo a Provia, os polícias e militares “atuam com plena liberdade, tendo a certeza de que a sua conduta não será investigada ou punida, porque contam com o apoio de governadores, ministros e outras altas figuras da gestão pública”.

“Nos poucos casos que são investigados, as instituições atuam com discriminação”, explica o documento, que cita como exemplo o assassinato, em 21 de agosto último, pelas Forças da Ação Especial (FAES) de dois trabalhadores da estação de televisão afeta ao regime, Tv Guacamaya.

“O Ministério Público agiu rapidamente e quatro dias depois foram presos os funcionários alegadamente responsáveis ​​pelo crime”, explica.

Refere ainda que, em 11 de junho, as FAES assassinaram cinco pessoas, no Bairro El Limón de Caracas, entre elas um guarda-costas da ministra de Assuntos Penitenciários, Iris Varela, e que, “48 depois, os alegados responsáveis estavam detidos”.

“Em ambos os casos, há um elemento comum: as vítimas estavam vinculadas ao projeto político oficial (do Governo)”, explica.

No entanto, a ação “é muito diferente” quando as vítimas “não têm um padrinho político” porque “presume-se que a versão policial de que houve um confronto é verdadeira e o Ministério Público não age”.

Segundo a Provia, a Polícia Nacional Bolivariana, através do órgão de elite, as FAES, é a força mais letal, com 417 assassinatos (25,8% do total) entre janeiro e junho de 2020.

Segue-se o Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas (CICPC) com 400 casos (24,83%) e as polícias estaduais com 299 (24,77%) entre elas Zúlia (122 assassinatos), Arágua (65) e Carabobo (54), acrescenta a ONG.

Aquela Organização Não-Governamental diz ainda que as Forças Armadas Bolivarianas da Venezuela (FANB) foram responsáveis por 222 assassinatos, que envolvem maioritariamente funcionários da Guarda Nacional Bolivariana (polícia militar).

Registaram-se ainda “57 alegadas execuções” envolvendo polícias municipais, refere ainda.

Os Estados de  Zúlia, Bolívar, Arágua, Lara, Carabobo e Miranda encabeçam a lista de regiões com maior violência policial e militar, explica.

Segundo a Provia, maio foi o mês com mais violência das forças de segurança: “379 pessoas morreram num contexto de quarentena de coronavírus, no qual o número de pessoas nas vias públicas tem sido muito menor, mas as operações violentas contra a população não pararam”.

“Somente entre os meses de março a junho, em plena quarentena, policiais e militares assassinaram 1.091 pessoas”, sublinha.

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