Os Estados Unidos acusaram na quinta-feira Pequim de, ao disparar mísseis, promover atos “desestabilizadores” no mar do Sul da China, numa região em que vários países disputam a soberania de ilhas estratégicas. Num comunicado, o Pentágono, sede do Departamento da Defesa norte-americano, sublinha que realizar exercícios militares no mar do Sul da China “tem um efeito contrários ao apaziguamento das tensões” e à “manutenção da estabilidade”.
O Departamento da Defesa norte-americano alude em particular ao arquipélago das Paracel, controlado por Pequim, mas também reivindicado pelo Vietname.
Desde o início de julho que o Pentágono se afirma “preocupado” com as manobras militares chineses naquele arquipélago estratégico, para onde os Estados Unidos enviam regularmente navios de guerra para garantir a “liberdade de circulação”.
Segundo reportou na quinta-feira um jornal de Hong Kong, o exército chinês lançou dois mísseis para o mar do sul da China, incluindo um “destruidor de porta-aviões”, que analistas sugerem ter como alvo as forças norte-americanas na região.
Os mísseis DF-26B e DF-21D disparados na quarta-feira tiveram como alvo uma área entre a província insular de Hainan e as ilhas Paracel, avançou o jornal South China Morning Post, que cita fontes não identificadas próximas do Exército de Libertação Popular, as forças armadas chinesas.
Os ministérios da Defesa e dos Negócios Estrangeiros da China não confirmaram a informação.
As disputas pela soberania do mar do Sul da China, uma das rotas comerciais mais movimentadas do mundo, são cada vez mais fonte de tensão entre Pequim e Washington e os países do sudeste asiático.
Washington rejeitou este ano a maioria das reivindicações de Pequim de soberania sobre a quase totalidade do mar, que é também disputado pelo Vietname, Filipinas ou Malásia.
O lançamento dos mísseis na quarta-feira surgiram após reclamações chinesas de que um avião de espionagem dos EUA, o U2, entrou numa “zona de exclusão aérea” declarada por Pequim durante um exercício militar no norte do país.
O DF-21 é altamente preciso e foi apelidado de “destruidor de porta-aviões” por analistas militares, que acreditam que foi desenvolvido tendo como alvo os porta-aviões dos EUA que se envolvam num potencial conflito com a China.
Pequim tem aumentado consecutivamente o orçamento da Defesa, ao longo das últimas duas décadas, visando desenvolver mísseis, aviões de combate, submarinos nucleares e outras armas que lhe permitam expandir o seu alcance militar para além das regiões costeiras.
O DF-26B foi lançado da província de Qinghai, no noroeste do país, enquanto o DF-21D foi disparado a partir da província de Zhejiang, na costa leste, avançou o South China Morning Post.
Acredita-se que o DF-26 é capaz de transportar ogivas nucleares ou convencionais, o que violaria o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio, assinado entre Washington e Moscovo durante a Guerra Fria.
O Governo de Donald Trump citou o desenvolvimento do DF-26 e de armas similares pela China quando se retirou daquele tratado no ano passado.