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AIEA com acesso a sítios suspeitos de atividade nuclear no Irão

AFP

O Irão aceitou esta semana que a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), uma entidade da ONU, tenha acesso a duas supostas instalações nucleares iranianas.

A luz verde de Teerão ocorre no meio das tensões originadas pela tentativa dos Estados Unidos de voltar a impor sanções da ONU à República Islâmica. Na terça-feira, o Conselho de Segurança das Nações Unidas bloqueou a iniciativa de Washington.

“O Irão concede voluntariamente à AIEA acesso a dois locais que a agência reivindicava”, informaram a AIEA e a Agência de Energia Atómica do Irão (AEAI) em um comunicado conjunto, o que é incomum.

“Foram acordadas as datas de acesso e as atividades de verificação da AIEA”, acrescentaram, sem dar mais detalhes.

O organismo da ONU supervisiona as atividades nucleares iranianas como parte do acordo alcançado em 2015 entre a República Islâmica e os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (Reino Unido, China, França, Rússia e Estados Unidos), além da Alemanha.

O conselho de governadores da AIEA, com sede em Viena, aprovou em junho uma resolução proposta por vários países europeus pedindo a Teerão que desse livre acesso a seus inspetores para esclarecer se nestas duas instalações houve atividades nucleares não declaradas no começo dos anos 2000.

Segundo o porta-voz da agência iraniana, uma das duas instalações fica no centro do Irão, entre as províncias de Isfahan e Yazd, e a outra, perto de Teerão.

Até agora, o Irão recusava-se a responder favoravelmente aos pedidos da AIEA, alegando que eram feitos com base em alegações de Israel.

Mas o argentino Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da AIEA desde 2019, conseguiu negociar a visita ao Irão em plena tensão entre os Estados Unidos e seus aliados europeus diante a tentativa de Washington em manter um embargo de armas contra Teerão e de voltar a impor as sanções da ONU.

De volta a Viena, Grossi declarou a jornalistas que os inspetores da AIEA visitarão “muito, muito em breve” os dois locais.

Consultas “intensas”

Em 2018, o presidente americano, Donald Trump, retirou seu país do acordo sobre o programa nuclear de Teerã, assinado três anos antes.

Washington sustenta que, apesar da retirada, tem o direito de forçar o restabelecimento de sanções através de um mecanismo do acordo, denominado ‘snapback’, um procedimento inédito do qual os Estados Unidos querem fazer um uso juridicamente polémico.

Reino Unido, França e Alemanha rejeitaram esta iniciativa, afirmando que frustra os seus esforços para salvar o acordo de Viena. Teerão rompeu vários de seus compromissos desde que foi anunciada a saída dos Estados Unidos.

A AIEA e a AEAI mencionaram no comunicado conjunto “intensas consultas bilaterais” e informaram que a organização internacional encarregada de vigiar as atividades nucleares não tem solicitações adicionais de acesso.

“Partindo da análise da informação de que dispõe a AIEA, (a agência da ONU) não tem perguntas adicionais para o Irão, nem mais solicitações de acesso aos locais”, destacaram os dois organismos.

“As duas partes reconhecem que a independência, a imparcialidade e o profissionalismo da AIEA continuam sendo essenciais para realizar suas atividades de verificação”, destacaram.

Grossi se reuniu com o presidente iraniano, Hassan Rohani, nesta quarta, dois dias depois de chegar para sua primeira visita ao país.

“O Irão, assim como anteriormente, está disposto a cooperar estreitamente com a agência no âmbito das garantias” previstas, disse Rohani após a reunião, segundo a página oficial do governo iraniano. Ele qualificou o acordo de “favorável” e considerou que pode permitir “resolver finalmente os problemas”.

Segundo o site, o presidente iraniano também insistiu diante de Grossi em que o Irão tem “inimigos declarados” que possuem a arma atômica e não cooperam com a AIEA e que “sempre estão buscando causar problemas” para Teerão.

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