Expulsa do seu partido, a cantora gospel que matou o marido, Anderson, ex-namorado de uma das filhas, vai saber nas próximas horas se também será convidada a sair da bancada evangélica, grupo parlamentar suprapartidário que apoia Bolsonaro
“Fazer o quê? Separar dele não posso porque iria escandalizar o nome de Deus”, escreveu Flordelis em mensagem de telemóvel a um filho, como justificativa para a decisão de matar o marido, segundo conversas a que a polícia teve acesso na investigação. A deputada federal do Brasil, que também é cantora gospel e pastora evangélica, é acusada de planear a morte do pastor Anderson Carmo, com a conivência de sete dos 53 filhos do casal, em junho de 2019. Para esconder o crime, forjou uma tentativa de assalto.
“Quando ela convence e fala com outro filho que está denunciado, André, sobre esse plano de matar Anderson, ela fala da seguinte maneira ‘fazer o quê? Separar dele não posso, porque se não ia escandalizar o nome de Deus’, e então resolve matar, ou seja, nessa lógica torta, o assassinato escandalizaria menos”, afirma Sérgio Pereira, promotor do Ministério Público do Rio de Janeiro.
Segundo o colunista do portal UOL Ronilso Pacheco, que é teólogo e pastor evangélico como Flordelis, “é possível que, para muitos, a frase soe apenas como uma forte demonstração de hipocrisia. Provavelmente é-o também. Mas ela ajuda-nos a pensar como este universo religioso fundamentalista relativiza a vida em nome de aparências e de um rigor moral impraticável, que arrasta em torno de si sofrimento, violência e desigualdades”.
Ícone dos evangélicos no país, Flordelis, que chegou a ter um filme com estrelas de televisão e do cinema do Brasil em sua homenagem e ganhou discos de ouro como cantora, matou Anderson por poder e dinheiro, afirmam os investigadores. Era o marido, que entrou no círculo familiar como namorado de uma das filhas da deputada antes de se casar com ela, quem controlava as finanças do casal.
Segundo a polícia, dinheiro e peças de uma coleção de 20 relógios de Anderson que continuam desaparecidos podem ter servido para pagar pelo assassínio, com cerca de 30 tiros disparados na garagem da mansão da família, do pastor. Em depoimento, Lucas Cézar, o filho detido há um ano que comprou a arma do crime, disse que lhe foram oferecidos relógios e cinco mil reais como pagamento.
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