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Telescola vai ser a regra no México e a solução para países onde os miúdos não têm internet

Com a pandemia imparável no México, as crianças mexicanas vão regressar à escola sem sair da casa, através das aulas na televisão. No país há 34 milhões de pessoas sem acesso à internet. Apesar de polémica, a Telescola pode ser a solução para para países com os mesmos problemas


As escolas mexicanas fecharam oficialmente as suas portas a 20 de março, quando o país registou uma morte e 164 infeções por coronavírus. Cinco meses depois, as portas das escolas permanecem fechadas porque a pandemia está imparável no país. O México lamenta mais de 60.000 vítimas da Covid-19 e meio milhão de casos, noticia hoje o jornal espanhol El Mundo. Ciente disso, o governo mexicano apresentou um plano, que tem tanto de ambicioso como de polémico, para o novo ano escolar que começou ontem: Telescola, ou aulas pela televisão. Através desta modalidade, o executivo do Presidente López Obrador tenta garantir a educação a distância num país onde 34 milhões de cidadãos não têm acesso à Internet.

A telescola pode ser a solução em países muito afetados pela pandemia e onde a internet ainda não é uma realidade para muitos. O secretário da Educação do México garante a certificação deste modelo de ensino televisivo. “Não são programas de entretenimento, terão validação oficial, as aulas terá valor curricular e os alunos serão avaliados sobre o seu conteúdo em cada período “, explicou Esteban Moctezuma, no conferência de imprensa após a assinatura de um acordo que o Presidente López Obrador descrreveu como “histórico”.

O governo mexicano vai pagar 450 milhões de pesos (cerca de 17 milhões de euros) para os canais Televisa, TV Azteca, Imagen Televisión, Grupo Multimedios e Outras 36 televisões estaduais transmitirem o programa Aprende pt Casa. A cobertura será ininterrupta e incluirá conteúdo de ensino correspondente a 16 diferentes séries escolares.

O Ministério da Educação Pública (SEP), em colaboração com 322 profissionais de comunicação e pedagogia, projetou mais de 4.500 guiões para os programas de televisão e 640 conteúdos de rádio que também serão transmitidos em 20 línguas indígenas do México.

Conforme explicou ao El Mundo o responsável do SEP, “será uma decisão da escola ou do professor” determinar que modalidade de ensino os seus alunos vão seguir: online, na televisão, na rádio ou até no telefone.

Os alunos que vivem em áreas remotas e altamente marginalizadas – sem acesso a estas tecnologias – e que as autoridades estimam ser 301.000, receberão pastas de trabalho totalmente gratuitas e o apoio pontual dos professores do sistema público de ensino da comunidade.

Apesar do caráter inovador da proposta, o programa Educar em Casa gerou muita preocupação entre professores e famílias. Muitas dúvidas precisam ainda de ser esclarecidas, acrescenta o artigo: que será feito com os alunos que exigem uma Educação especial? Como se tiram as dúvidas dos alunos num programa de televisão em que não há interação em tempo real? Como se verifica que os miúdos estão realmente a seguir as aulas na TV? O maior sindicato do setor no país, a Coordenadora Nacional de Trabalhadores da Educação (CNTE), tem sido muito contrária ao plano traçado pela SEP. O seu porta-voz Wilbert Santiago, explicou porquê ao El Mundo: “Apresentam o projeto como um progresso na pedagogia, mas é na verdade um retrocesso pela ausência total de professores. Nem nos consultaram para o design de conteúdo do programa”.

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