Os democratas dos EUA indicaram nesta terça-feira Joe Biden como seu candidato presidencial para 2020, designando formalmente o veterano de Washington como o rival do partido do atual presidente Donald Trump na eleição de novembro.
Em uma votação nominal sem precedentes que ocorreu inteiramente online devido à pandemia do coronavírus, todos os 50 estados e sete territórios anunciaram suas contagens de votos que consolidaram o papel de Biden como o representante do partido.
“Muito, muito obrigado, do fundo do meu coração”, disse um radiante Biden em um link de vídeo ao vivo enquanto celebrava a indicação.
“Isso significa o mundo para mim e minha família”, acrescentou ele, lembrando aos telespectadores que fará um discurso formal de aceitação na quinta-feira, no final da convenção de quatro dias.
A nomeação foi uma formalidade, pois ele já havia conquistado a maioria dos mais de 3.900 delegados em junho.
A indicação acontece no segundo dia da Convenção Nacional Democrata, quase toda virtual, que celebra o candidato do partido e dá as boas-vindas aos independentes e aos republicanos frustrados em seu movimento político para tirar Trump da Casa Branca.
Os procedimentos incluíram uma série de apresentações de líderes partidários do passado e do futuro, que desencadearam seus próprios argumentos contra o titular da Casa Branca e instaram os eleitores a se unirem em torno de Biden.
A escalação contou com o ex-presidente Jimmy Carter, que cumpriu um mandato em 1977, e o comandante-chefe dos anos 1990, Bill Clinton, que advertiu que a Casa Branca de Trump está beirando o caos em vez de demonstrar a competência necessária para lidar com as crises do país.
“Em uma época como esta, o Salão Oval deveria ser um centro de comando. Em vez disso, é um centro de tempestade. Só existe caos”, disse Clinton. “Só uma coisa nunca muda – sua determinação de negar a responsabilidade e transferir a culpa”, disse Clinton sobre Trump.
O presidente americano também enfrentou uma enxurrada de críticas na primeira noite da convenção, principalmente da ex-primeira-dama Michelle Obama, que disse que Trump não tem personalidade e habilidades para o trabalho.
“Achei que foi um discurso muito divisionista, extremamente divisivo”, disse Trump a repórteres na Casa Branca.
Em seus comentários pré-gravados à convenção, Michelle Obama pediu aos americanos que se unissem a Biden, o ex-vice-presidente de seu marido, na eleição presidencial de 3 de novembro.
A Casa Branca de Trump está marcada pelo “caos, divisão e uma total e absoluta falta de empatia”, disse a esposa de Barack Obama em uma crítica sem precedentes de uma ex-primeira-dama a um presidente dos Estados Unidos.
“Donald Trump é o presidente errado para nosso país”, acrescentou. “Ele está claramente perdido”.
Nesta terça-feira, em uma visita ao estado do Arizona, Trump criticou a ex-primeira dama por fazer comentários gravados. “Na quinta à noite vou fazer isso ao vivo”, disse Trump, referindo-se ao seu discurso na semana que vem, quando aceitar formalmente a indicação de seu partido na convenção republicana, que também será online.
Trump disse que escolheu o gramado sul da Casa Branca como cenário, depois de dizer nas últimas semanas que escolheria entre a mansão presidencial e o histórico campo de batalha em Gettysburg.
Fazer um discurso tão obviamente político da Casa Branca gerará polêmica, já que os presidentes são obrigados a separar sua campanha do seu governo, financiado pelos contribuintes.
Apoiante leal
Além de Clinton e Carter, a programação desta terça-feira contou Jill Biden, que é casada com o candidato desde 1977.
A educadora da Pensilvânia, que serviu por oito anos como segunda-dama, fez longa campanha por Biden, falando repetidamente de seus valores e compromisso com os americanos comuns.
Ela deu um depoimento pessoal arriscado no horário nobre sobre seu marido, incluindo como a tragédia pessoal da morte de sua primeira esposa e filha em um acidente de carro em 1972 o moldou.
“Como se lida com uma família inteira desfeita?”, questinou. “Da mesma forma como se lida uma nação inteira. Com amor e compreensão – e com pequenos atos de compaixão. Com coragem. Com fé inabalável”.
A campanha tem promovido Joe Biden como um unificador. Em seu apelo aos eleitores intermediários e aos republicanos frustrados, a convenção apresentou um vídeo da improvável amizade entre Biden e o falecido senador republicano John McCain, narrado por sua viúva Cindy McCain.
O ex-secretário de Estado republicano Colin Powell também fez comentários em vídeo nos quais endossava Biden e disse que compartilhava dos valores do democrata.
O ex-presidente Obama falará na quarta-feira junto com a indicada presidencial democrata de 2016, Hillary Clinton, e a companheira de chapa de Biden, a senadora Kamala Harris, da Califórnia.