O número de deslocados internos devido à violência no norte de Moçambique duplicou desde março e já ascende a 250.000 pessoas. De acordo com a mais recente informação do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, sigla inglesa).
“Estima-se que pelo menos 250.000 pessoas estejam deslocadas em Cabo Delgado, enquanto outras 5.500 seguiram para Nampula e mais 100 para o Niassa”, províncias vizinhas, de acordo com dados da Organização Internacional das Migrações (OIM).
Os números publicados pelo OCHA na terça-feira representam “mais do dobro de pessoas deslocadas em março de 2020 (eram cerca de 110.000). Muitas tiveram mesmo de procurar novos abrigos várias vezes”.
Ao mesmo tempo, a falta de água potável e saneamento, agravada por inundações no início do ano “levou a um surto de cólera, com mais de 1.200 casos e 18 mortes relatadas na província até 01 de julho”, acrescenta o OCHA.
Paralelamente, a insegurança alimentar aumentou “devido à combinação do ciclone Kenneth, inundações e violência”.
A acrescer a este cenário, Cabo Delgado tem sido um foco de covid-19, concentrando sensivelmente um quarto dos cerca de mil casos de infeção pelo novo coronavírus registados no país.
Ajuda financeira
As necessidades humanitárias estão “em rápida ascensão” e as Nações Unidas lançaram, no início de junho, um apelo de 35 milhões de dólares (30 milhões de euros). Este direcionado à comunidade internacional para um Plano de Resposta Rápida para Cabo Delgado para ser aplicado de maio a dezembro.
Um mês depois, a resposta ao apelo ronda 20% do orçamento.
Somando as comunidades de acolhimento, também já de si empobrecidas, estima-se que haja 712.000 pessoas a necessitar de ajuda. Este plano pretende apoiar 354.000, cerca de metade, até final do ano.
A violência armada em Cabo Delgado intensificou-se desde março, mas já dura desde 2017, provocando a morte de, pelo menos, 700 pessoas. Este movimento tem ainda origem continua em debate e ao qual o grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico se associou desde há um ano, reivindicando diversas incursões.
As Forças de Defesa e Segurança (FDS) moçambicanas estão no terreno, mas a informação sobre a sua atividade é escassa. No final de maio anunciaram um contra-ataque que somado a outros terá resultado no abate de 150 rebeldes e alguns cabecilhas.