O economista chefe da consultora Eaglestone concedeu hoje uma entrevista à Lusa. O mesmo acredita que apesar da degradação dos indicadores relativos à banca em Moçambique, o setor continua a mostrar robustez. E diz mesmo que este stá “bem preparado” para enfrentar as consequências da pandemia.
“A banca em em Moçambique continua bem capitalizado, e os seis principais bancos, que valem 90% dos ativos de crédito e depósitos, têm rácios de solvabilidade claramente acima dos 10% exigidos pelo banco central, o que mostra a robustez do setor, que está relativamente bem preparado para enfrentar as dificuldades de 2020”, disse Tiago Dionísio em entrevista à Lusa no seguimento do relatório sobre a banca moçambicana.
“A atividade económica vai desacelerar este ano, mas o FMI continua a acreditar que Moçambique vai ter um crescimento económico, apesar do Governo rever uma recessão”, lembrou. Depois acrescentou que “a desaceleração da atividade económica vai continuar a ter algum impacto nos resultados do setor bancário”.
Entre os efeitos, Tiago Dionísio elencou as taxas de juro e a qualidade do crédito na banca em Moçambique. “As taxas de juro continuarão comprimidas, não espero um desempenho por aí além a nível das receitas dos bancos”, apontou.
Desaceleração da economia
No relatório sobre a banca em Moçambique no ano passado, Tiago Dionísio destacou a desaceleração da economia. A descida das receitas também é vista como uma das principais responsáveis pelo crescimento mais modesto da atividade financeira no ano passado.
“Os bancos enfrentaram uma economia em desaceleração no ano passado, à semelhança do que tem acontecido nos últimos dois ou três anos, mas mesmo assim conseguiu crescer 2,2%, abaixo dos 3,4% de 2018 e dos 3,8% em 2016 e 2017″, salientou.
A contenção da taxa de juro e a política seguida do regulador “fez descer as taxas de, o que teve impacto nas margens dos bancos. Isto levou a uma cobrança de taxas mais baixas nos créditos e uma compressão das margens”, disse o analista.
Tiago Dionísio salientou que “o setor continua a expandir-se, o número de trabalhadores subiu, os custos subiram, e por isso os resultados de 2019 registaram uma queda”.
Com o crédito malparado a ter um “ligeiro aumento mas pouco significativo”, os bancos conseguiram, ainda assim, emprestar mais. Perante isto, o que está “relacionado com taxas mais baixas, o que torna o crédito mais acessível às empresas e às famílias”, concluiu Tiago Dionísio.
Moçambique registava, até esta quarta-feira, 903 casos de infeção e seis mortos devido à covid-19, segundo dados das autoridades locais.