A nação islâmica, apesar do bloqueio internacional, destaca-se agora como um dos principais aliados comerciais do regime socialista de Nicolás Maduro nas áreas dos combustíveis, saúde e alimentação
Na Venezuela os carros em circulação passaram a usar gasolina iraniana depois da importação de 1,5 milhões de barris de combustível de Teerão pelo governo socialista de Nicolás Maduro. Segundo o site da RFI (Radio France Internationale). a nação islâmica tornou-se um dos principais parceiros comerciais da Venezuela.
Já está em águas venezuelanas um cargueiro lotado de alimentos para abastecer novos supermercados que serão administrados por uma empresa iraniana e que substituirão as Clap (Comités Locais de Abastecimento e Produção), que revendiam produtos subsidiados pelo Estado.
Apesar das recentes declarações de Maduro de que estaria “disposto” a iniciar conversações com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o facto é que o intercâmbio comercial Teerão-Caracas é uma afronta a Washington – que ameaça aplicar mais sanções a ambos os países.
Segundo a RFI, além de combustível, o Irão enviou este mês à Venezuela material médico, entre eles kits para ajudar Caracas a combater a pandemia da Covid-19. De acordo com o presidente Nicolás Maduro, até a noite de terça-feira (23) o país registou 4187 casos positivos do novo coronavírus.
O cargueiro Golsan traz do Irão alimentos para a “Megasis”, uma rede de supermercados que começará a funcionar em Caracas em julho deste ano. Ali serão serão vendidos atum enlatado, molhos de tomate, óleo e outros produtos das marcas iranianas Delnoosh e Varamin.
Uma fonte informou à RFI que a Varamin é uma nova empresa de alimentos. Nos registos do país de origem, ela aparece como particular. No entanto, “o dono de muitas dessas empresas teoricamente privadas pertence a algum fundo misterioso cujo principal acionista é algum órgão ou personalidade ligados ao governo iraniano”, afirmou a fonte, sob anonimato.
O supermercado iraniano aparece pouco tempo depois da flexibilização de preços aplicada pelo governo venezuelano para suprir a procura interna de comida. A flexibilização colocou fim à escassez de alimentos. No entanto, o preço de 27 produtos da cesta básica é determinado pelo Estado e eles são inacessíveis a boa parte da população, sobretudo aos que ganham salário mínimo, cotado atualmente em 4 dólares por mês-
De acordo com o Centro de Documentação e Análise Social (Cendas), para uma família venezuelana de até quatro pessoas adquirir a cesta básica é necessário o equivalente a 284 dólares, o que equivale a 138 salários mínimos.
De acordo com os opositores ao governo de Maduro, a gasolina importada do Irão foi paga com ouro extraído das minas do sul da Venezuela. É possível. As sanções internacionais aplicadas ao Irão em 2012 excluíram o país do Swift – o sistema que interliga as instituições bancárias em boa parte do mundo. Isso impossibilitou os pagamentos em dinheiro à nação islâmica, que desde então recebe pagamentos em commodities e mercadorias.
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