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2020, o ano das televendas online

Wendi Wong

Em 2016, devido à popularidade dos smartphones e rede 4G na China, surgiram nas plataformas de comércio online novas formas de promoção e marketing de produtos através de emissões em direto. Agora, em 2020, e com o impacto da pandemia da Covid-19, todo o tipo de pessoas parece estar a dedicar-se aos “livestreams”. Gestores, entidades oficiais, celebridades e até jornalistas da CCTV (televisão estatal) estão a lançar programas em direto, numa tendência que rapidamente se alastrou por todo o país.

Dong Mingzhu, presidente da empresa Gree Eletric, participou em meados deste mês num direto da plataforma de comércio online Jingdong, que marcou o lançamento de cerca de 50 produtos eletrónicos da sua empresa. Este direto atraiu 7,4 milhões visualizações e gerou 28,2 milhões de gostos. Nessa sessão, uma emissão noturna de três horas, Dong Mingzhu atingiu vendas superiores a 703 milhões de RMB, estabelecendo um novo recorde para o maior volume de transações em direto da indústria de eletrodomésticos.

Para a presidente da Gree Eletric, a atual situação de pandemia inspirou, de certa forma, a empresa. Apesar dos 30 mil vendedores offline, apenas possuem uma única loja online, razão pela qual a pandemia representou um grande impacto. Espera por isso que possam ser combinados ambos os métodos online e offline, “Dei o primeiro empurrão, agora espero que possam continuar a experienciar o mercado online”, diz.

A indústria de vendas através de emissões em direto na China assistiu a um enorme crescimento durante este ano. Por um lado, graças à maturidade das plataformas de comércio online, por outro, com o desenvolvimento da pandemia, a forma como as pessoas trabalham, procuram entretenimento e consomem passou a ser quase exclusivamente online. Atualmente, tanto nestas plataformas de comércio como nas redes sociais chinesas, a qualquer hora do dia é possível encontrar “televendas” online. Cosméticos, produtos agrícolas, vestuário, eletrodomésticos e até mesmo casas e automóveis. Esta forma de venda está rapidamente a cobrir todo o tipo de produtos. O Diário do Povo comenta que “As “televendas online” são uma nova forma de consumo”.

Corria 2016 quando, pela primeira vez surgiram em plataformas de comércio, como o Taobao, este tipo de emissões. Dois anos depois, em 2018, foram adicionadas a plataformas de vídeo como o Tiktok (Douyin) e Kuaishou funções de compra em livestream. Inicialmente este não era um método muito popular, apesar de uma baixa barreira de entrada (é necessário apenas um smartphone e uma conexão de internet), devido a problemas de qualidade, fornecimento e preço dos produtos. Porém, em 2019, devido à seleção e constante variedade disponível de produtos, à natureza interativa das transmissões e com a criação de várias agências (MCN) que oferecem treino aos vendedores e apresentadores, esta indústria começou a desenvolver-se cada vez mais.

Segundo o “Relatório de análise da operação da indústria de televendas online na China”, da consultora iiMedia, esta indústria atingiu em 2019 uma escala total no valor de 433,8 mil milhões deRMB, ou seja, 4,1 por cento das vendas a retalho online e 1,1 por cento do comércio eletrónico, havendo ainda muito espaço de crescimento.

No início de 2020, com o começo do surto de coronavírus, a maioria das atividades comerciais offline estagnaram, e vários centros comerciais e lojas tiveram de adotar métodos de venda online para sobreviverem. Segundo os últimos dados do Centro Nacional de Estatística, durante o primeiro trimestre de 2020, o volume de vendas online de produtos físicos em todo o país atingiu os 18 biliões de RMB, ou seja, um crescimento de 5,9 por cento. As televendas online foram uma das principais forças impulsionadoras deste crescimento.

Está iminente uma mudança ainda maior, com entidades governamentais a participarem regulamente nas transmissões para promover alguns produtos. Gao Feng, representante do Ministério do Comércio disse num encontro com jornalistas no final de abril que, segundo dados de comércio recolhidos durante o primeiro trimestre do ano, foram emitidos mais de quatro milhões de livestreams de vendas, e mais de 100 presidentes de concelhos ou municípios participaram nessas emissões para promover produtos locais.

O Grupo Central dos Media Chineses cooperou já com vários apresentadores de livestreams de vendas para ajudar a economia da província de Hubei, levando outros governos provinciais a adotar medidas semelhantes para impulsionar o desenvolvimento das respetivas indústrias.

O Ministério dos Recursos Humanos e Segurança Social chinês publicou recentemente uma lista de 10 novas classificações de emprego na qual aparece a de vendedor em emissões online, mais um sinal de que esta indústria recebeu aprovação oficial do Governo. Segundo o relatório da consultora iiMedia, é esperado que o mercado de livestreams comercial duplique em 2020, e o número de utilizadores deste serviço atinja os 524 milhões ainda durante este ano.

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