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Estudo recomenda investimento sanitário

Um estudo do Instituto Sul Africano de Estudos de Segurança (ISS, na sigla inglesa), encomendado pelo Governo de Angola, estima que o aumento da despesa pública em infraestruturas sanitárias traria benefício para a saúde da população angolana e ganhos económicos, gerando mais 573 mil milhões de dólares em 2050.

O relatório “Futuros angolanos 2050 – Para lá do petróleo” conclui que o investimento em infraestruturas básicas de água e saneamento é o caminho mais eficaz para melhorar a estratégia de desenvolvimento do país, no curto e longo prazo. A diversificação económica tem sido uma das bandeiras do Governo de João Lourenço, mas, até ao momento, ainda pouco foi feito para diminuir a dependência excessiva da economia angolana em relação ao petróleo, uma matéria-prima que tem baixado drasticamente de preço.

“Um aumento razoável da despesa pública neste tipo de infraestruturas traduz-se em benefícios económicos e de saúde em larga escala. Em meados do século, a malnutrição infantil seria praticamente eliminada e a economia iria gerar um acumulado de 573,7 mil milhões de dólares a mais do que o atualmente estimado – um valor muito maior do que em qualquer outro cenário”, sublinha o documento.

O relatório apresenta cinco cenários setoriais para Angola para ilustrar o impacto das “ambiciosas, mas realistas políticas”: educação e empoderamento das mulheres; infraestruturas sanitárias; agricultura; governança e energia no horizonte temporal de 2050.

O estudo defende que uma agenda de desenvolvimento que dê prioridade ao acesso de mulheres e raparigas à educação e cuidados de saúde, em particular saúde reprodutiva, será a maneira mais rápida de melhorar o rendimento, reduzir a elevada taxa de mortalidade materna em Angola e diminuir o número de pessoas que vivem na pobreza ou estão malnutridas.

Angola tem uma das populações mais jovens e em rápido crescimento no mundo, o que pode abrandar o potencial de aumento dos rendimentos. Quase um terço dos angolanos não teve acesso à escola e destes, 70 por cento são mulheres.

No cenário Educação e Família, propõe-se que o Governo se concentre na melhoria das taxas de participação nos graus de ensino mais baixo e secundário, para a seguir progredir para graus de ensino superiores.

Indica ainda que a implementação de transferências monetárias para os mais pobres é também a forma mais rápida de aliviar a pobreza extrema e reduzir as desigualdades.

No capítulo das Energias Renováveis e Subsídios, sugere-se ao Governo prosseguir com o plano de corte de subsídios aos combustíveis para impulsionar uma mudança de direção em prol das energias renováveis: “uma mudança que iria ajudar Angola a diversificar a economia e alinhar o país com o esforço global de reduzir a dependência de combustíveis fósseis e minimizar o impacto das alterações climáticas”.

Adianta que no setor das renováveis, as perspetivas “são positivas, com vários projetos hidroelétricos em desenvolvimento e crescente suporte para a energia solar”. O Governo deve prosseguir o compromisso com a diversificação da economia ou arrisca uma nova recessão quando as reservas petrolíferas se esgotarem, o que pode acontecer já em 2030 , alertam os especialistas do ISS, Lily Welborn, Jakkie Cilliers e Stellah Kwasi

“Para diversificar a economia, o Governo deve fornecer eletricidade a mais angolanos e alinhar-se com a agenda global de combate às alterações climáticas” direcionando os investimentos para o vasto potencial de Angola nas energias renováveis.

Estima-se que pouco mais de três em cada dez angolanos tem acesso a eletricidade. Entre a população rural apenas oito por cento acede a eletricidade. Na cidade esse valor sobre para 43 por cento, embora uma parte significativa dependa de geradores a gasolina ou diesel.

No cenário de Agricultura, o estudo realça que irrigar mais terrenos agrícolas seria a melhor forma de reduzir a malnutrição infantil e melhorar a segurança alimentar. “À medida que a população continua a crescer, aumenta também a dependência de Angola de alimentos importados”, notam os académicos.

A caminho da quarta economia de África 

Em 2050, o estudo perspetiva que a economia angolana cresça para mais de 994 mil milhões de dólares, quase sete vez acima dos valores de 2020, tornando o país na quarta economia de Africa, a seguir à Nigéria, Egito e África do Sul.

Mas a forte dependência das exportações de petróleo não augura um futuro risonho ao país. O petróleo representou, em 2017, mais de 95 por cento das receitas de exportações.

A maior parte desse petróleo é exportado para a China (Angola é o terceiro maior fornecedor de petróleo bruto do país asiático), Índia, Estados Unidos, África do Sul e Espanha.

Apesar dos investimentos recentes nos setores do petróleo e gás, as reservas de petróleo de poderão esgotar-se antes da década de 30 e mesmo a descoberta de novas reservas irá demorar até ser financeiramente viável. 

Raquel Rio | Exclusivo Lusa/Plataforma 30.04.2020

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