Os preços do petróleo prosseguiram uma trajetória descendente nesta sexta-feira com o Brent a cotar-se a 28,21 dólares e o americano a 25,14 dólares.
Estes preços refletem o excesso de oferta – apesar do acordo entre a OPEP e a Rússia para a redução de produção – e as perspetivas gerais da economia mundial num momento em que permanecem uma incógnita os efeitos dos múltiplos planos de estímulo a curto prazo.
A evolução da economia global em maio e junho será determinante para estabelecer se a presente trajetória do preço do petróleo vai persistir ou tenderá para uma correção.
Uma análise da Agência Internacional de Energia (EIEA, na sigla em inglês) antecipa uma queda histórica na procura do petróleo ao longo de todo o corrente ano, ao ponto de 2020 ficar como o pior ano de sempre no plano do desempenho do setor.
Maior queda desde 1989
A OPEP, por seu turno, prevê uma procura de apenas 20 milhões de barris de petróleo/dia, ou menos ainda, para o segundo trimestre de 2020, lê-se no mais recente relatório do cartel.
Os analistas afirmam que nunca, desde 1989, a OPEP apresentou níveis de produção tão reduzidos.
Na quinta-feira, a OPEP e a Rússia divulgaram um comunicado conjunto em que se reflete a gravidade da situação para a indústria petrolífera.
Sauditas e russos afirmam que vão “continuar a acompanhar o desempenho do Mercado” e afirmam-se “preparados para tomar as medidas que se revelem necessárias”.
No quadro do acordado entre a OPEP e a Rússia, Riade anunciou nesta sexta-feira um corte de 8,5 milhões de barris/dia a partir de um de maio.
China em recessão
Apesar dos planos anunciados na Europa e nos EUA, os mais recentes números do desempenho económico da China, a pressagiarem uma grave recessão neste país, e a referida quebra da produção mundial (que só a prazo poderá ser invertida) desenham perspetivas sombrias para o preço do barril de petróleo.
Sobre a economia chinesa, sublinhe-se que esta conheceu agora a sua primeira contração desde 1992, de acordo com números divulgados.
O Produto Interno Bruto (PIB) teve uma quebra de 6,8% no primeiro trimestre de 2020 em comparação com o período homólogo de 2019. O reflexo de tal quadro não deixará também de ter efeitos a nível internacional, não sendo certo, ao mesmo tempo, como reagirá o mercado interno chinês a medidas de estímulo internas.