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Não importa o vento ou a tempestade

Depois do passado encontro entre Xi Jinping e Trump na Argentina, os dois países acordaram em suspender a guerra comercial durante um total de 90 dias, período que servirá para ambos negociarem um consenso mútuo para resolver os conflitos. Para a reunião, que teve lugar há 14 dias, a China planeou desde o início ter o vice-primeiro ministro Li Keqiang a liderar a delegação. Os Estados Unidos, por outro lado, alteraram a liderança da delegação para Robert Lighthizer, negociador de 71 anos e uma das vozes mais críticas da China no Governo de Trump. Lighthizer tem insistido na imposição de tarifas sobre a China, usando-as como trunfo nas negociações com Pequim. Lighthizer, que há 30 anos, participou em negociações para o “Acordo de Plaza” com o Japão e outros países, completou há pouco outro acordo comercial com o México e Canadá como representante comercial americano, e assumiu papéis de liderança também em negociações semelhantes com a União Europeia e o Japão. Porém, esta alteração não influencia de qualquer forma a reunião, visto que a China sempre foi clara em relação aos princípios de negociação com os EUA. Embora Pequim tenha, repetidamente, afirmado não se querer envolver numa guerra comercial, o país já fez várias cedências em negociações anteriores. Mesmo durante reunião entre os dois líderes, Pequim prometeu aumentar as importações de produtos agrícolas e energia aos EUA, e mostrou ter confiança de que um acordo final será elaborado dentro deste prazo de 90 dias. A confiança chinesa nasce de a China ter já concordado com cerca de 40 por cento da lista de 142 exigências redigida pelos EUA. Outros 40 por cento poderão ser negociados pela China, no entanto, nunca os restantes 20 por cento, que envolvem subsídios tecnológicos e industriais. As políticas, altamente criticadas, pelo lado americano, que defende medidas militares contra a China, são políticas que possibilitarão à China combater a hegemonia militar e tecnológica americana nos próximos 20 ou 30 anos. Mas estará Trump realmente preocupado com 2025? A sua verdadeira preocupação é só até ao ano 2020, durante o qual terá de encarar mais uma vez o eleitorado americano. Se o Canadá mantiver detida Meng Wanzhou, diretora financeira da Huawei, esta será com certeza uma medida em preparação para as próximas eleições. Tanto a presença de Lighthizer como o incidente com Meng Wanzhou aumentaram a incerteza em relação às negociações, mas é preciso manter uma posição firme, com objetivos claros. Muitas variáveis poderão afetar os restantes 80 dias, por isso é preciso lembrar as palavras de Mao Zedong: “Não importa o vento ou a tempestade, caminharei calmamente como se estivesse no meu pátio”. 

David Chan 14.12.2018

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