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Pequenas ondas no Mar do Sul da China

Talvez ainda haja algum ressentimento da parte norte-americana em relação à expulsão do contratorpedeiro USS Decatur do Mar do Sul da China pelo contratorpedeiro chinês Lanzhou, especialmente tendo em conta que, atualmente, poucos países no mundo são capazes de responder de tal forma à potência americana. Desde abril deste ano que os EUA têm, repetidamente, invadido o espaço marítimo e aéreo chinês. Bombardeiros americanos B-52 Stratofortress têm várias vezes entrado em espaço aéreo chinês, e navios americanos não só entraram em território do Mar do Sul da China três vezes, como também atravessaram diretamente o Estreito de Taiwan. O lado americano tem sido também cada vez mais vocal em relação à possibilidade de levar a cabo exercícios militares neste estreito no próximo mês. Quanto à coragem para ultrapassar este limite, é provável que os norte-americanos não a tenham. Anteriormente o seu USS Decatur foi intercetado a alta velocidade pelo contratorpedeiro chinês Lanzhou 170, deixando o lado americano constrangido com os dois navios quase a entrar em colisão. Esta interceção não agradou aos EUA, e o país tem repetidamente apregoado a “liberdade de navegação” para justificar as suas ações, fazendo com que a sua saída forçada do local se transformasse numa situação embaraçosa. Este embaraço levou a que tanto líderes como os média americanos criticassem a decisão chinesa e mais uma vez afirmassem que a militarização chinesa desta região afeta a sua estabilidade. De seguida, no dia 16, os bombardeiros americanos B-52 Stratofortress voltaram a sobrevoar o Mar do Sul da China, e de acordo com o noticiado pela CNN a 18 de outubro, as Forças Aéreas do Pacífico americanas, em comunicado, afirmaram que os dois B-52 no dia 16 de outubro realizavam apenas numa sessão de treino de rotina. Porém, segundo Joseph H. Felter, Vice-Secretário Adjunto da Defesa do Sul e Sudeste Asiático do Departamento de Defesa Americano, esta reentrada no espaço marítimo chinês foi uma tentativa de comunicar à China que o seu contra-ataque não é capaz de parar e assustar os EUA, e que o país irá continuar a tentar promover a “liberdade de navegação” no Mar do Sul da China. 

A forma explícita e ousada de falar adotada por este oficial foi evidente, mostrando uma convicção de que esta violação da soberania chinesa foi um grande feito, algo apenas possível de ser concretizado pelos EUA. No entanto, a edição internacional do “Diário do Povo”, órgão de comunicação social oficial do Partido Comunista Chinês, publicou um artigo em que explica as razões por detrás destas provocações americanas no Mar do Sul da China. A primeira razão é criticar a militarização chinesa. Em segundo lugar está a promoção da suposta liberdade de navegação. Como terceira razão apresentam a hegemonia americana. E, por último, os EUA não querem ver o Mar do Sul da China pacífico. O artigo ainda deixou claro que os EUA não têm o direito de ditar à China o que fazer no seu território e que estas provocações têm de parar. É natural que os média chineses respondam desta forma severa às provocações americanas, mas a China não poderá de forma alguma tolerar a ameaça americana de realizar exercícios militares no estreito de Taiwan no próximo mês. O país deve estar preparado para qualquer eventualidade, e esperar que os EUA não levantem mais ondas, pois estarão apenas a dar um tiro no próprio pé. 

David Chan 26.10.2018

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