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Uma MIF pequena mas que gera negócio

Na 21.ª Feira Internacional de Macau foram assinados 50 protocolos de cooperação entre empresas, além de organizadas 380 sessões de negociação comercial. O Instituto de Promoção do Comércio e do Investimento de Macau fez um balanço “satisfatório”, e as empresas contactadas pelo PLATAFORMA MACAU mostraram-se agradadas com as oportunidades de negócio.

Nos três dias em que decorreu a 21.ª Feira Internacional de Macau (MIF, na sigla inglesa), assinaram-se 50 protocolos de cooperação entre empresas e organizaram-se 380 sessões de negociação comercial. Em declarações ao PLATAFORMA, os representantes das várias empresas ali representadas, concordaram que ali gerou-se boas oportunidades de negócio.

A  21.ª MIF decorreu entre os dias 18 e 22 de Outubro, no empreendimento The Venetian Macao, focando-se no comércio e investimento, contando com fóruns e conferências, bolsas de contato e negociações de compra. A novidade deste ano foi a introdução de dois pavilhões temáticos —  os do País Parceiro e da Cidade Parceira, títulos atribuídos este ano a Portugal e Pequim, respetivamente. De Portugal, veio uma comitiva apostada em diversificar a oferta de produtos portugueses no território, e que normalmente se cingia ao setor alimentar.

José Resende de Sá, representante da Sasoca – e sówwcio das Clínicas Persona Estética [ver Caixa] —, diz que resolveram participar na MIF por vários motivos. “Estamos muito longe da China e há muito interesse por parte de Portugal — há um reconhecimento de que o produto europeu aqui na China, há um valor de confiança que as pessoas depositam de confiança nos produtos que são elaborados e produzidos na Europa e nós naturalmente e até pelas relações que temos ancestrais com a China queremos estar presentes também aqui, se possível através de Macau, na China”, diz.

Assim, visando apresentar o produto Sasoca em Macau, aceitaram o desafio. “O projeto Sasoca nasceu na necessidade de colmatar uma lacuna que existe no mercado — as senhoras não tinham em alguns casos possibilidades de usar uma bota de cano alto, porque a bota era pequena ou larga, e é um nicho de mercado que queremos também conseguir atacar”, diz, acrescentando: “É permitir que uma senhora que tem uma perna mais estreita consiga comprar uma bota à medida da sua perna, escolhe o modelo, a cor, introduz o pedido no nosso website, paga naturalmente a bota e a bota é-lhe enviada ao seu endereço nas semanas seguintes.”

Sentindo que Macau é “mais confortável” para trabalhar e chegar à China Continental, o empresário diz que vieram à MIF com um plano de marketing para perceber a aceitação do produto no mercado. Pelo contacto com as clientes locais e da China Continental,  apercebeu-se de que há interesse. “Percebi que há muito interesse.”

Velhos e novos

Para Bao Hong, representante da empresa portuguesa de consultoria imobiliária e de negócios Silk Road, já não é a primeira vez que se encontram na MIF. E, ainda que o tufão  que obrigou ao cancelamento da MIF, tenha sido um elemento menos positivo, Bao Hong considera que o balanço continuou a ser satisfatório, até pela oportunidade de encontrar os clientes antigos. Com o enfoque do negócio na consultoria junto de clientes que queiram investir na China Continental ou em Portugal, através de Macau, a representante da empresa portuguesa diz que conseguiu trazer alguns clientes do interior da China à MIF, bem como outros dos países de língua portuguesa.

Por seu turno, Carla Gonçalves, da empresa de Portugal DFK Office, afirma que é a primeira vez que se encontram representados na MIF. “O objetivo é divulgar a DFK Office — é uma empresa de mobiliário e decoração de interiores e de escritórios”, diz, acrescentando: “Queremos tentar encontrar novos mercados para divulgar a marca.” Ficou satisfeita com o evento, por considerar “ter imenso potencial de negócio”.

Salientando que o mercado chinês “é muito grande e concorrencial”, Carla Gonçalves afirma que pretendem “tentar expandir a marca e fazer negócio cá”, admitindo a possibilidade de aqui abrir uma representação. “Fizemos um ou dois contactos, mas, para já, é difícil perceber se são interessantes ou não”, declara.

Quanto a vendas, refere que, para acontecerem, é necessário haver uma representação local. “As exportações são uns valores bastante elevados — daí ser mais fácil ter um representante cá para facilitar; enviar de lá para cá a mercadoria sai caríssimo”, afirma. E espera poder regressar no próximo ano. “Estou a pensar nisso — esperamos ter contatos mais estabelecidos, e encontrar não na MIF, mas no exterior, para reunião de negócios.”

Já para Nelson Preto, da Quinta das Poldras, a estreia na MIF surge “para alargar horizontes”, além de quererem “tentar criar parcerias” que facilitem a exportação dos produtos. “Os nossos são produtos comestíveis — temos uma quinta em Trás-os-Montes onde temos porco bísaro e a sua transformação; aproveitamos o que a quinta dá para comercializar os restantes produtos, como por exemplo o mel, as compotas, o azeite, os queijos e os enchidos que são de raça autóctone.” Sobre as oportunidades de negócio, diz que “surgiram muitos contactos”, mas agora cumpre ver se resultam em negócio. “O que mais interesse temos é uma representação local”, salienta.

Para Leonardo Arend, o gerente em Shenzhen da empresa brasileira China Invest & Asia Invest, este ano foi muito produtivo. “A nossa empresa representa alguns fornecedores brasileiros – temos a estrutura em Shenzhen, na China [Continental], fazemos as feiras para eles aqui; na MIF, dessa vez temos sete ‘stands’, sete diferentes, cada cliente com o seu”, esclarece. “O objetivo é divulgar as marcas e ver o que os chineses gostam, tanto como tipo de embalagem, como o gosto do produto. Dessa vez trouxemos bolachas, massas, bebidas, mel, própolis — o mel e o própolis foram muito bem recebidos pelos chineses, dizem que o preço está muito bom”, acrescenta.

Salientando que já se encontram na China Continental, o gerente refere que é já a terceira vez que se encontram na MIF, mas só este ano trouxeram uma representação tão grande. “O nosso objetivo é a China Continental — em Macau, temos interesse em pessoas dos casinos, talvez com os chocolates e pequenas amostras. Mas Macau é um mercado concorrido e difícil, Hong Kong também”, refere.

Salientando que a MIF é menor do que outros eventos do género na China Continental e na região vizinha, Leonardo diz que, ainda assim, é rentável. “Este ano, tivemos na MIF talvez dois distribuidores à procura de negócio — um interessado no chocolate, em Macau mesmo, para ter nos restaurantes e outro de Hong Kong interessado em bebidas, vodka, cachaça”, menciona.

A participar na MIF há já três anos, refere que tem notado uma mudança. “Na primeira vez em que viemos, havia muitos chineses locais ou que estão alojados no Venetian, entravam na feira e não faziam nada; na segunda vez, foi parecido; na terceira vez, tínhamos mais visibilidade, então acho que ajudou um pouco e acho que os contatos que vêm estão mais dedicados ao processo de importação”, diz.

Para a coordenadora do Centro de Indústrias Criativas — Creative Macao, Lúcia Lemos, “foi bom como todos os anos”. No que toca à sua própria participação, nos últimos dois anos, a equipa da Creative Macao passa pela MIF sobretudo para promover o festival de curtas Sound & Image Challenge. “É o maior evento que temos anualmente, para além de outras atividades que vamos tendo”, diz. Por isso, organizaram também, na MIF, uma conversa à volta  do evento, em que participaram alguns elementos do júri, responsáveis pela pré-seleção dos filmes em competição.

Luciana Leitão

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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