Pac On está orçado em 3.8 mil milhões de patacas (4,6 milhões de dólares) e é quatro vezes maior do que o Terminal Marítimo Provisório da Taipa. Em declarações ao PLATAFORMA, analistas afirmam que será importante para o crescimento futuro da cidade.
O Terminal Marítimo de Pac On deverá abrir portas nos próximos seis a nove meses, com um orçamento seis vezes superior ao apontado em 2005 e uma capacidade para servir 400.000 passageiros por dia. Apesar da demora e do aumento estimado do custo, os analistas contactados pelo PLATAFORMA acreditam que é uma infra-estrutura para ser pensada num crescimento a 20 anos, com utilidade para as necessidades futuras.
Em 2005, quando as primeiras obras do Terminal Marítimo de Pac On foram adjudicadas, tinham um prazo de conclusão de um ano. Porém, em Maio de 2007, o Governo avançou com o Terminal Marítimo Provisório da Taipa, que foi inaugurado nesse mesmo ano. Em 2010, foram adjudicadas obras de ampliação do novo terminal, uma vez que se chegou à conclusão de que a capacidade inicialmente projetada não iria servir as necessidades futuras. Na altura, as autoridades atribuíram os atrasos a motivos alusivos a recursos humanos e factores climatéricos.
Envolto em atrasos e controvérsia, o Terminal Marítimo de Pac On deverá estar completamente operacional em Maio de 2017, segundo afirmou o diretor interino dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água, Chou Chi Tak, aos jornalistas, numa visita guiada às suas instalações.
Tem cinco andares e uma área de aproximadamente 200.000 metros quadrados, o que equivale ao quádruplo da dimensão do Terminal Marítimo Provisório da Taipa. O projeto, que conta com 44 balcões de imigração para as partidas e 42 para as chegadas, inclui ainda três portos multifuncionais para albergar barcos de grande dimensão e cruzeiros. O heliporto pode acomodar cinco helicópteros.
Aos jornalistas, o diretor interior dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água, Chou Chi Tak, afirmou que o Terminal Marítimo Provisório da Taipa irá continuar a funcionar, por enquanto. “Há 110 rotas no terminal, por dia, e perto de 7 milhões de turistas usam-no, por ano”, esclareceu. “Assim, quando o novo abrir, o velho deverá ser demolido. Esperamos desviar turistas da península para a Taipa.”
Chou Chi Tak confirmou ainda que o Terminal Marítimo do Porto Exterior deverá continuar a operar na península, mesmo depois do arranque das operações de Pac On. E que dois-terços dos barcos a chegar ao território deverão continuar a atracar no terminal da península, o que, garante o diretor interino, corresponde ao seu atual volume de operações.
O docente da Escola de Administração Pública do Instituto Politécnico de Macau, Larry So, refere ao PLATAFORMA que, há 10 anos, quando se começou a falar no Terminal Marítimo de Pac On, manifestou as suas reservas. Porém, agora que a infra-estrutura está pronta, prefere pensar pela positiva e de que forma poderá servir o território. “Não vale a pena discutir se seria necessário ou não, quando está pronto e se gastou tanto dinheiro”, diz, esclarecendo que “mais vale pensar em otimizar a sua utilização”. Assim, na sua opinião, mais do que ligar o território a Zhuhai e à Ilha da Montanha, deverá servir para “chegar mais a oeste de Zhuhai, às cidades costeiras junto a Zhuhai, no Delta do Rio das Pérolas”.
Dada a localização deste novo terminal, o analista acredita que deverá ter condições “para uma ligação mais abrangente”, e a população não terá de se deslocar a Zhuhai. “Mais vale pensar assim do que nas ligações que já existem. Assim, conseguiremos trazer mais pessoas”, diz, reiterando: “O terminal de Pac On poderá servir de trampolim para chegar a Zhuhai e às cidades vizinhas muito mais facilmente.”
Além disso, poderá fazer a ligação ao Aeroporto de Zhuhai. “Já temos a ligação marítima ao Aeroporto Internacional de Hong Kong, seria ótimo ter a ligação ao Aeroporto de Zhuhai, especialmente dado o crescimento deste último.”
Um crescimento que se espera
Para o professor do Instituto de Formação Turística de Macau, Don Dioko, há uma tendência crescente de tráfego entre cidades vizinhas e que vai mais além de Macau-Hong Kong-Zhuhai. “Há outras cidades no meio deste triângulo — Macau, Hong Kong e Zhuhai — cujo tráfego continua a aumentar”, refere ao PLATAFORMA.
Além disso, a localização do terminal marítimo de Pac On junto ao Aeroporto Internacional de Macau é uma vantagem. “Não há apenas um tráfego geral aqui, mas um mercado específico a ser atraído pelas companhias aéreas a baixo custo. E, ainda que uma ou duas companhias tenham reduzido a frequência dos voos, parece-me que a aposta nas companhias a baixo custo é o caminho a seguir para muitos tipos de pessoas e muitos visitantes da região do Delta do Rio das Pérolas e de fora”, diz. Assim, mantendo-se esta tendência ascendente, o Terminal Marítimo de Pac On “tem uma vantagem estratégica”, transformando-se numa porta de entrada para a região do Delta do Rio das Pérolas.
Mais, o desenvolvimento de infra-estruturas “tem de ser pensado a 20 anos” e, por isso, para Don Dioko, não parece despropositado o tamanho do novo terminal. “Se pensaremos na capacidade total para a entrada e saída de passageiros, vamos precisar dessa capacidade”, diz ainda. Só olhando para as entradas, “o crescimento nas chegadas por barco, nos últimos cinco anos, tem sido de 4,5 por cento por ano”, e no futuro haverá mais. “Isto são projeções normais de crescimento.”
Acresce a isto que haverá mais visitantes a chegar a Macau, “atraídos pelos novos hotéis-casinos”, além da Ilha da Montanha. “A nova capacidade do terminal deverá ser apenas confortável”, salienta.
Por outro lado, Don Dioko afirma que quando a ponte que liga Hong Kong, Macau e Zhuhai estiver a funcionar, deverá ser uma alternativa. “Mas ainda sabemos pouco sobre essa ponte — quanto tempo se leva atravessá-la, o nível de serviço, o tempo de espera. Será, definitivamente, uma alternativa, mas não sabemos se o serviço será melhor do que o do terminal (…)”, contrapõe, acrescentando: “E temos o preço. Se o preço dos bilhetes de barco forem competitivos, não acredito que a nova ponte venha a ter um impacto negativo no tráfego do terminal marítimo.”
Assim, no geral, dado “o ritmo de crescimento e os novos hotéis-casinos que irão abrir”, o terminal marítimo de Pac On deverá “estar ajustado ao desenvolvimento dos próximos 10-20 anos”.
Na visita às instalações do Terminal Marítimo de Pac On, o diretor interior dos Serviços de Assuntos Marítimos e de Água Chou Chi Tak, referiu aos jornalistas que a abertura da ponte não diminuirá a importância desta infra-estrutura. “Continuará a haver procura dos transportes marítimos”, afirmou, assegurando aos jornalistas que o número de turistas que entra na região por essa via é “bastante estável”.
Luciana Leitão