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Fórum Macau sem face

Há em todas as administrações especialistas em passar nos intervalos da chuva. Por maior que seja a tempestade, nunca se molham; não arriscam seja o que for. Aconteça o que acontecer, nada é com eles, nada têm a dizer e, sobretudo, nunca têm culpa de nada. O silogismo é simples: não existo; logo, não me comprometo. Mais do que um estilo, é um refúgio perverso. Primeiro, porque as funções que exercem são menorizadas; depois, porque ninguém passa despercebido, o tempo todo, aos olhos de toda a gente.

O Fórum Macau precisa de uma face pública que explique e defenda o projeto. E não a tem. Rita Santos foi criticada pelo excesso de protagonismo, acusada de confundir a instituição com a pessoa – única e sui generis. Quando Echo Chan assumiu a coordenação, sentiu-se a preocupação, até excessiva, de não se fazer notada. Mas nunca deixou de comunicar – antes pelo contrário. Houve até um encontro inédito com os Media, durante o qual o secretário-geral assumiu que este ano, para além da conferência ministerial, a comunicação seria o grande desígnio de uma estrutura que, como é público e notório, comunica pouco e mal. 

Dias depois, Echo Chan abandonava o cargo alegando razões pessoais. Para o seu lugar foi nomeada Cristina Morais, bilingue e bem colocada na Direção dos Serviços de Economia; presume-se que da confiança direta do secretário Lionel Leong e herdeira da dita ambição comunicacional. Passados todos estes meses, o que pensa a nova coordenadora? Qual é a estratégia este ano tão relevante? Que lógica impera e o que dela se pode esperar? Que se saiba, nada! A coordenação não comunica, não recebe ninguém, não reage a propostas, recusa contactos, formais ou informais, não dá entrevistas nem responde a perguntas. 

Cristina Morais foge dos Media como o diabo foge da cruz. Se for assim com todos os agentes da plataforma, não fará grande coisa; se for assim só com os Media, não quer que se saiba o que faz. Pensará que assim se protege, mas encalha num beco sem saída: ou a prioridade anunciada pela diplomacia chinesa é uma falácia – e ela está a expô-la – ou quando lhe cobrarem a comunicação ainda apanha uma grande molha.

Paulo Rego

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Meio de comunicação social generalista, com foco na relação entre os Países de Língua Portuguesa e a China

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