Depois da implementação do Regime de Prevenção e Controlo do Tabagismo em Macau no início de 2012, a importação de cigarros teve uma queda de 39%. A compra de charutos e cigarrilhas ao exterior caiu 73%.
Três anos depois da entrada em vigor da lei do tabaco, a importação de cigarros sofreu uma queda de 39%. Dados da Direção dos Serviços de Estatística e Censos revelam que, em 2014, Macau comprou ao exterior 1,14 milhões de quilos de cigarros – menos 725 mil do que em 2011.
Também o negócio dos charutos e cigarrilhas caiu 73% desde que foi adotado no início de 2012 o Regime de Prevenção e Controlo do Tabagismo. Se em 2011 Macau importava 61 mil quilos de charutos e cigarrilhas, em 2014 o volume desceu para 16 mil quilos.
Numa altura em que o Governo da região promete tolerância zero contra o fumo e o tabaco, a sobrevivência do negócio da importação poderá vir a passar por uma nova provação: a subida da carga fiscal sobre o tabaco. Recorde-se que o secretário para os Assuntos Sociais e Cultura Alexis Tam defendeu no fim de janeiro o aumento do imposto – fixado em 33% – para 70%, conforme as recomendações da Organização Mundial de Saúde.
BARES COM MENOS CLIENTES
Na ilha da Taipa, no bar After6, deixou de existir a habitual nuvem de fumo. Mas, também se perderam muitos clientes, depois de a 1 de janeiro deste ano entrarem em vigor as novas regras do tabaco, que estenderam a proibição a bares, discotecas e saunas.
São nove e meia da noite, acabou de sair o único cliente que estava no bar. Quatro funcionários trabalham à volta do balcão.
“A lei afetou mesmo o nosso negócio em termos de vendas”, diz Mariel Merlan, que trabalha neste estabelecimento como empregado de mesa. “As pessoas aparecem, perguntam se podem fumar e quando dizemos que não, voltam a sair à procura de outro sítio para ir beber”.
“Eles querem descontrair, libertar o stress e uma forma de o fazer é fumando”, continua o funcionário.
Já no bar Opiarium, na zona das docas, em Macau, a nova lei não se fez sentir nas contas do fim do mês. “Os clientes ajustam-se à realidade desta lei e, se querem fumar, então vão lá para fora”, nota o gerente do espaço Jackson Wong.
Mas, “há sempre quem resista”, diz o responsável. E conta que desde janeiro já foram multados vários clientes. “Insistimos sempre para não fumar cá dentro, mas não podemos obrigar a fazê-lo. Quando fumam, esperamos que alguém do Governo apareça e multe”.
Ao contrário do After6, este bar de Macau tem uma esplanada, onde é permitido fumar, caso a cobertura não esteja colocada.
“A lei é um pouco omissa” no que diz respeito à possibilidade de fumar em esplanadas ou varandas de restaurantes, diz António Neves Coelho, responsável pelo restaurante António. Neste estabelecimento de comida portuguesa na vila da Taipa, os clientes podem fumar no terraço.
A impossibilidade de o fazer dentro do restaurante não tem afetado o negócio, garante o responsável. “Para mim o grande contrassenso é que se está a ser fundamentalista com o tabaco, mas não para a poluição dos autocarros que também faz mal à saúde. Veja lá a quantos cigarros equivale [a passagem de] um autocarro”.
Catarina Domingues