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SIMULADORES NA ERA DA TÉCNICA

 

A formação contínua dos profissionais de saúde pode ajudar a reduzir o erro médico. A opinião é de Billy Chan do Centro de Excelência para o Desenvolvimento Profissional Médico da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau. Numa visita guiada ao mundo dos simuladores, o responsável explica ao Plataforma Macau que a passagem de recém-graduados por estas máquinas pode ajudar a diminuir o risco da má prática médica na vida real. 

 

Parece um hospital de bonecas. Mas não é. É um hospital com bonecos, mas para médicos de verdade. Tem um bloco operatório com tudo a que um doente tem direito. Luzes cirúrgicas, um desfribrilhador para a reanimação cardiorespiratória e até uma linha vermelha a dividir o bloco da enfermaria.

No quarto ao lado, faz-se um exame ginecológico (e até se ouve um grito da paciente enquanto está a ser observada). Mas, aqui, é quase tudo virtual; o grito é virtual, os órgãos do aparelho genital feminino e os gémeos que aparecem na ecografia também. Reais, só mesmo os aparelhos.

Billy Chan, assistente da direção do Centro de Excelência para o Desenvolvimento Profissional Médico da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade de Ciência e Tecnologia de Macau, explica ao Plataforma Macau como funciona um dos “mais avançados espaços de simulação médica da Ásia”.

“Nenhuma mulher grávida permitiria que um principiante fizesse este exame. Nós treinamos médicos e enfermeiros através destes simuladores e criamos um ambiente que não tem risco para o paciente”, nota.

O Centro de Excelência para o Desenvolvimento Profissional Médico abriu as portas há pouco mais de quatro anos e recebe cerca de 3000 formandos por ano. Eletrocardiogramas, endoscopias ou operações laparoscópicas da vesícula e vias biliares são alguns dos exercícios que os profissionais podem treinar neste centro multidisciplinar. Há simuladores para todas os gostos. E para quase todas as especialidades. O centro oferece, além disso, cursos de suporte básico de vida ou de gestão de crise.

“Temos de ter a certeza que os trabalhadores beneficiam com esta formação. Sabemos que existem excelentes recém-graduados mas que não têm experiência clínica. Esta é uma plataforma para que possam aumentar as suas capacidades”, considera o responsável.

 

FORMAÇÃO CONTÍNUA REDUZ ERRO MÉDICO

Billy Chan observa no computador um caso de insuficiência aórtica. “Em Macau, por exemplo, não temos casos suficientes para estudar e, por isso, podemos aprender como lidar com essa doença [através da simulação]”, explica.

Mais formação, menos erro médico. Esta é a opinião de um dos médicos que participou no curso de simulação de Endoscopia do Trato Gastrointestinal Superior e Inferior. O especialista, que não quis ser identificado, acredita que, com o crescimento da economia do território, a população espera também um maior desenvolvimento da prática médica. “Infelizmente, não têm existido muitas oportunidades de formação para os jovens médicos antes de tocarem no verdadeiro doente”.

O especialista considera ainda que a formação contínua é uma ferramenta importante para evitar a má prática na área da saúde: “Por exemplo, há muito em comum entre ser-se piloto de aviões comerciais e um médico que faz endoscopias. Para ambos, é importante treinar num simulador de forma a ganhar experiência antes de praticar na vida real”.

Billy Chan concorda. Em países como Inglaterra ou Austrália, os médicos são avaliados ao longo da carreira. “De acordo com dados oficiais, anualmente, nos EUA, morrem 998 mil pessoas por causa de erro médico. Isto acontece mesmo em países desenvolvidos e, por isso, temos de tentar reduzir o número desses erros. É isso que queremos fazer”

Billy Chan volta a sentar-se à frente de um simulador. Desta vez, para analisar o desenvolvimento de um feto. “Consegue ver o coração a bater? Deve ter cerca de quatro meses. Olhe, aqui está a cabeça, aqui estão os pés. É incrível não é?”

 

Catarina Domingues

 

 

IMG_9683O HOMEM DOS SIMULADORES

Billy Chan nasceu na Austrália, onde passou grande parte da sua vida e completou os estudos universitários na área da Robótica. Filho de pai de Macau e mãe canadiana de origem chinesa, Chan contribuiu ao longo da última década e meia para a área da simulação, introduzindo programas de formação na Austrália, Nova Zelândia, China continental, Macau e Hong Kong.

Billy Chan é também professor adjunto da 3 ª Universidade Médica Militar em Chongqing, na China continental, e Membro do Conselho da Sociedade de Endoscopia Digestiva de Macau. Foi nomeado vice-presidente do Conselho Consultivo da Promoção de Saúde e Associação de Gestão de Macau e co-organizou os os eventos do Fórum Internacional Sino-Luso de Medicina.

 

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